"Viver em harmonia com a natureza é encontrar a verdadeira essência da vida."

As interconexões da vida. O caminho de um xamã

A palavra “xamã” tem se tornado muito comum no “esoterismo” moderno, muitos a usam, mas poucos entendem seu verdadeiro significado. Essa palavra vem da língua Evenki e significa “aquele que sabe”.

Introdução

A vida é uma teia complexa de interconexões, onde cada ser, evento e elemento da natureza está intrinsecamente ligado. No coração dessa compreensão holística está o xamanismo, uma das práticas espirituais mais antigas da humanidade. O xamanismo nos ensina que tudo no universo é interconectado e que a harmonia e o equilíbrio entre todos os seres são essenciais para o bem-estar coletivo.

O xamã, figura central dessa tradição, é tanto um curador quanto um guia espiritual. Ele ou ela é capaz de transitar entre o mundo físico e o mundo espiritual, utilizando essa habilidade para restaurar a harmonia e a saúde dentro da comunidade e do indivíduo. Através de rituais, cerimônias e a utilização de ferramentas sagradas, o xamã se conecta profundamente com a natureza e os espíritos ancestrais, buscando sabedoria e orientação.

Este artigo explora as interconexões da vida através da perspectiva xamânica, destacando como os ensinamentos e práticas dos xamãs podem nos ajudar a entender e respeitar a teia da vida. Discutiremos os princípios fundamentais do xamanismo, as experiências e o caminho de um xamã, e como essa visão pode ser aplicada em nossas vidas modernas para promover um sentido mais profundo de conexão e equilíbrio.

Ao mergulharmos no caminho de um xamã, descobriremos que a cura e a sabedoria não são apenas sobre o bem-estar individual, mas sobre a saúde e a harmonia de toda a comunidade e do ambiente ao nosso redor. O xamã nos convida a ver o mundo com olhos novos, reconhecendo que cada ação, pensamento e emoção contribui para a grande teia da vida.

O que é um xamã

Hoje, alguns acreditam que um xamã é qualquer curandeiro ou seguidor da medicina tradicional. Outros chamam de xamãs aqueles que têm uma personalidade forte e um olhar intenso. Mas, na verdade, um xamã é determinado pela forma como ele ou ela trabalha.

Em outras palavras, um xamã é uma pessoa (homem ou mulher) que muda voluntariamente seu estado de consciência, a fim de fazer contato e / ou fazer uma jornada para outra realidade, a fim de obter força e sabedoria. Após a conclusão da missão, o xamã volta para o nosso mundo para usar a força e a sabedoria adquirida, ajudando a si ou aos outros.

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O universo xamanico

Com a ajuda de batidas rítmicas de um pandeiro/tambor, dança e canto, o xamã realiza uma mudança de consciência, que permite que sua alma viaje para os mundos tradicionalmente chamados de Mundo dos Espíritos.

Em muitas culturas, esse universo alternativo é dividido em três partes principais: o Mundo Superior, o Mundo Médio e o Mundo Inferior.

A jornada para o Mundo Inferior começa com o xamã enviando sua alma por uma abertura no chão, que pode ser uma caverna, uma nascente, um buraco nas raízes de uma árvore, um esconderijo de raposa ou até mesmo um buraco feito por um homem (uma mina ou um poço). O buraco geralmente continua com o túnel indo cada vez mais fundo, e, finalmente, esse túnel chega ao reino do Mundo Inferior.

O Mundo Inferior (o submundo) varia de pessoa para pessoa. Para alguns, significa os trópicos ou uma floresta, ou as montanhas, outros se encontram em terras fabulosas onde dois sóis brilham. Não importa a aparência do submundo, é aí que o xamã encontra os espíritos auxiliares, e são esses espíritos auxiliares que dão força e sabedoria com os quais o xamã deve retornar à realidade cotidiana para lidar com a doença de seu “paciente”, dar conselhos para resolver um problema sério ou restaurar equilíbrio na comunidade.

Como observa o antropólogo americano Michael Harner em seu livro “O Caminho do Xamã”, uma técnica tradicionalmente praticada em todo o mundo para viajar para uma realidade diferente pode ser dominada até mesmo por pessoas da cultura ocidental moderna.

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Xamanismo e psicologia

Muitas, se não todas, técnicas psicoterapêuticas modernas estão enraizadas no xamanismo e, por esse motivo, muitas formas modernas de terapia remotamente e superficialmente se assemelham a práticas xamanísticas.

Costumo ouvir pessoas com educação psicológica tentando explicar a jornada xamânica como uma jornada “interior” para o inconsciente ou para o “Eu superior”. Essa explicação é baseada na abordagem ocidental, que considera o homem como a coroa da criação e, em contraste com a visão xamânica do mundo, não admite que outras formas de vida possam ter consciência. Felizmente, há muito mais no universo do que a mente humana.

Do ponto de vista de um xamã, a realidade do mundo dos espíritos existe em paralelo à realidade comum de nossa consciência e não depende de nossa mente. O xamã, sabendo que tudo que existe tem uma alma, também sabe que você pode se comunicar com entidades espirituais, fazendo uma jornada até elas, rompendo os limites do Tempo e do Espaço.

As práticas xamanísticas são poderosas, não importa a explicação que podemos dar a elas, mas se aceitarmos uma descrição psicológica truncada, corremos o risco de nos isolar da maior parte do poder xamânico. O poder da jornada xamânica reside no fato da jornada da alma e que a alma do xamã retorna, dotada da energia do Universo, que tem o efeito curativo mais poderoso.

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Xamanismo e religião

Um dos erros mais comuns sobre o xamanismo é interpletado como uma religião, atribuindo ao xamã o papel de sacerdote, mas a realidade é bem diferente. De fato, em algumas comunidades tradicionais, o xamã também atuava como líder de cerimônias e rituais sagrados.

No entanto, essas duas atividades foram separadas no tempo. O objetivo da cerimônia xamânica é construir uma ponte entre o mundo dos espíritos e o mundo da realidade cotidiana que conhecemos.

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Sem intermediários

Frequentemente, todos os participantes da cerimônia são expostos à força que se manifesta. É esse aspecto que distingue o xamanismo da maioria das religiões: uma experiência espiritual direta e imediata sem intermediários, em particular sacerdotes e padres que estão tentando estabelecer o monopólio na comunicação com o divino.

No xamanismo, os gurus existem apenas no mundo espiritual, onde o xamã obtém seu conhecimento. O xamanismo anda de mãos dadas com o animismo. Em primeiro lugar, acredita-se que tudo o que existe é vivo e dotado de espírito.

Em segundo lugar, todos os seres vivos estão conectados graças a esses espíritos. Desse jeito, todos nós – pessoas, árvores, cães, gatos, abelhas, pedras, montanhas, mares, Terra e Céu – estamos conectados.

Embora o xamanismo em si seja baseado na experiência direta e não seja uma crença religiosa, muitas religiões, incluindo certas seitas cristãs, budistas e muçulmanas, estão sob forte influência do xamanismo.

Para praticar o xamanismo, não é necessário acreditar em nada, nem mesmo que o xamanismo “funcione”. No entanto, aqueles que não acreditam em nada correm o risco de acreditar em muitas coisas, e aqueles que mantêm uma visão rígida correm o risco de mudar radicalmente suas ideias depois de receberem uma experiência direta da “outra” realidade do xamã.

Além disso, para os praticantes do xamanismo, as chamadas “experiências de pico”, que muitas vezes mudam radicalmente suas vidas, são bastante comuns. São experiências, denominadas religiosas ou espirituais na linguagem cotidiana e que dão a uma pessoa um conjunto de valores e práticas para uso prático.

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A criação de um xamã

Na tradição, o futuro xamã  frequentemente é iniciado pelos espíritos, espontaneamente. Em nossa cultura, esse tipo de experiência às vezes é chamada de “experiência extracorpórea”, ataques psicóticos, visões ou revelações, dependendo de como essas iniciações surgem e de como são tratadas.

Às vezes, elas são acompanhadas de uma doença, como no famoso exemplo do Alce Preto (“Black Elk Speaks”, John Neihardt). De qualquer forma, quando isso acontece, a pessoa pede conselho ao xamã e pede que ele ensine ao novato a sabedoria do xamanismo. Às vezes, esse tipo de treinamento é a única maneira de se livrar da doença.

O treinamento dado por um xamã experiente consiste principalmente em criar situações especiais nas quais o aprendiz pode adquirir experiência, pois o xamã sabe que, de fato, o Universo é o verdadeiro professor.

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Contato direto

Certamente, cada cultura tem suas próprias tradições, mas se padres e sacerdotes estão estritamente limitados pelos rituais e regras já existentes na sua tradição cultural, as informações recebidas pelo xamã vão muito além das tradições. E as pessoas respeitam isso, porque reconhecem que o xamã tem seu próprio contato direto com a sabedoria dos espíritos.

Por exemplo, em algumas culturas tradicionais, o Leste é visto como o lado do “começo”. Suponha que um novo xamã, retornando de uma viagem ao mundo dos espíritos, anuncie ao seu mentor na realidade cotidiana que agora ele sabe que o Leste é a terra dos “finais” e que a “terra dos mortos” fica nessa direção. O mentor não discutirá, mas fará perguntas para ajudar seu aluno a entender o significado mais profundo desse conhecimento.

Em outras palavras, o xamã sabe que nenhuma doutrina ou conceito é inabalável ou imutável se vier do mundo espiritual. E o Universo ensina cada um de nós de acordo com nossas necessidades e capacidade de entender. E às vezes ele nos empurra.

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Se não houver espíritos, não há xamãs

A prática xamânica pode parecer simples e tem sido usada por no mínimo vinte mil anos, ou talvez até mesmo duzentos mil. Era conhecida em diferentes partes do mundo, incluindo a Europa. Portanto, ela certamente não tem nada a ver com a chamada “nova era” (new age), embora hoje o xamanismo esteja passando por um período de renascimento.

A maneira mais familiar de aprender xamanismo em nossa cultura (ocidental) é dominar as ferramentas básicas em um seminário ou curso de treinamento, embora muitos recebam iniciações espontâneas. Esses treinamentos geralmente são organizados de  forma  que os participantes possam ter sua própria experiência de jornada xamânica no mundo dos espíritos e sentir seu poder, para que aprendam a usá-lo com segurança e ética.

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Tempo, tempo? tempo…

As vezes as pessoas querem saber quanto tempo leva para se tornar um xamã. A verdade é que pode levar alguns minutos para obter uma experiência xamânica, mas leva uma vida inteira para se tornar um xamã.

E se você diz para si mesmo: “Agora eu sou um xamã!”, é um sinal claro de que você ainda é um aprendiz. Não é a pessoa que decide se é xamã ou não, mas as pessoas que procuram a ajuda dela e os espíritos. Afinal, o xamã sabe que são os espíritos que fazem o trabalho real. Sem eles, não teria xamãs.

O xamanismo atrai muita gente, porque as pessoas querem se sentir cheias de poder, ter um contato mais íntimo com a vida e com tudo o que acontece ao redor. O que começa a acontecer com as pessoas geralmente excede as expectativas.

Como as técnicas básicas do xamanismo são fáceis de dominar, até os iniciantes se sentem mais fortes quando seus espíritos assistentes estão por perto. Também é típico que as pessoas queiram compartilhar esse poder e ajudar outras pessoas.

Uma das diferenças entre um xamã e uma “pessoa normal” é que o xamã sabe quem são seus espíritos assistentes, como fazer contato com eles e como trabalhar em conjunto com eles.

Um xamã é um xamã apenas quando pratica. Em outros momentos, ele pode ser um membro “normal” da sociedade. Em nossa sociedade (ocidental), as pessoas envolvidas no xamanismo podem ter várias profissões na sua vida cotidiana, por exemplo: programadores, professores, construtores, funcionários públicos, médicos, atores. São pais e avós. Por traz da fachada mais “comum”, um xamã pode olhar para você.

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Xamanismo e ecologia

Uma das deficiências da ciência moderna é que estamos tão atolados na rotina cotidiana que perdemos contato com as simples alegrias da vida neste planeta. Quantas vezes paramos para respirar o aroma característico das folhas caídas do outono? Ou sentir o calor da terra na primavera?

Um dos resultados do estabelecimento de contato com o mundo dos espíritos é uma sensação mais densa do que nos cerca, ou seja, da Terra e do Universo. Isso se torna possível graças ao estabelecimento de relacionamentos mais próximos.

Nas comunidades tradicionais, os xamãs podiam se comunicar com plantas, animais, pedras e outras criaturas com as quais nós humanos compartilhamos a Terra. Como resultado dessa comunicação, as pessoas poderiam viver em harmonia com o ambiente.

Agora, a maioria das pessoas não se lembra de como se comunicar com outros habitantes do planeta, e a consequência mais óbvia disso hoje é a ameaça da destruição completa da vida na Terra em sua forma comum. E essa ameaça vem precisamente da nossa civilização “superior”.

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Tudo vem da natureza, tudo mesmo sem exceção 

Essa conexão com o meio ambiente é importante não apenas para o planeta e tudo o que nele existe, mas também para nós, para cada um de nós, tanto no plano material como no espiritual. Tudo o que usamos – de utensílios de madeira a chips de computador mais avançados – tiramos da Natureza.

Da mesma forma, uma enorme porção de energia espiritual vem dos espíritos e da Natureza, e o xamã sabe disso. É óbvio que viver sem consciência em nosso belo planeta não apenas destrói nossas capacidades e nos priva de recursos, mas também destrói os próprios fundamentos de nossa fundação espiritual.

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Mantando a natureza ou praticando suicidio?

Quando matamos a natureza das milhões de maneiras, nós nos matamos física e espiritualmente. Como uma das tentativas de corrigir a situação existente é o conceito da Ecologia Espiritual, cuja principal ideia é restaurar o contato direto entre pessoas e outras formas de vida no planeta.

Essas práticas incluem passeios na floresta, onde a pessoa pode, por exemplo, conversar com uma árvore. A tarefa é perguntar à árvore sobre seu próprio papel na destruição da Terra. Será que você realmente precisa do seu carro? – uma árvore pode lhe perguntar. Você pode achar que sim, mas a arvore pode ter seus próprios argumentos: as lojas não ficam a poucos passos da sua casa? O ônibus não passa pelas suas portas o dia todo? Pensando assim, você começa a duvidar essa sua necessidade que até agora pareceu tão inabalável!

Um dos maiores desafios enfrentados pela nova geração de xamãs é restaurar a comunicação entre as pessoas e outros habitantes da Terra, cooperar com a natureza, parar a destruição do ambiente em que todos vivemos, descobrir o que pode ser feito espiritualmente, ritualmente e praticamente com o dano que já foi feito. E lembre-se de que a Terra é capaz de nos alimentar física e espiritualmente, se apenas permitirmos que isso aconteça.

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A cura xamanística

A cura é, e sempre foi, o principal trabalho do xamã. O conceito de poder é central para entender o xamanismo, e especialmente a cura xamanística. Essencialmente, o xamanismo entende força como energia, não como influência.

Tradicionalmente, o xamã vê duas causas principais da doença. Ou há algo dentro da pessoa que não deveria estar lá (interferência indesejada de uma força / energia) ou está faltando algo (perda de força / energia).

Visto que, do ponto de vista do xamã, absolutamente tudo tem espírito ou alma, isso também se aplica à doença. Em caso de uma entrada indesejada da força, a tarefa do xamã é remover o espírito dessa energia.

A principal causa da doença é a separação, no sentido literal da palavra e metaforicamente falando. Essas duas palavras, doença e separação, podem ser consideradas quase sinônimas.

Separação significa isolamento do próprio ambiente da pessoa, isolamento dos entes queridos e (talvez acima de tudo da própria pessoa. Todos nós provavelmente ouvimos algo como: “Eu tenho um trabalho tão terrível que não me dá nenhuma satisfação e tira toda a minha força”.

O xamã sabe que na vida todas as coisas e fenômenos estão interconectados, o que significa que eles se afetam em um grau ou outro. Você é influenciado por sua família, seus amigos, os livros que lê, o clima, a Terra e a Lua e até estrelas.

Lembre-se da pessoa mais saudável e feliz que você conhece. Provavelmente, ele ou ela tem um bom contato com o ambiente, percebe bem o que está acontecendo e responde levemente. Agora pense na pessoa que mais lhe causa ansiedade…

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A perda de poder

No xamanismo, a ideia de separação é expressa pelo termo “perda de poder”. De fato, é através da perda de poder que a intervenção de energia alheia pode ocorrer, preenchendo o espaço vazio.

Do ponto de vista do xamã, nos sentimos fortes (ou seja, cheios de energia) quando estamos em bom contato com o resto do universo. E quando estamos cheios dessa energia, simplesmente não há espaço para a doença.

Nesse estado, sentimos os nossos espíritos auxiliares ao lado, bem como as forças animais e professores de uma realidade “diferente”, ouvimos o que eles nos dizem e seguimos seus conselhos. Em discurso coloquial, descrevemos esse estado como confiança e seguindo nossa intuição. Consequentemente, um dos sintomas da perda de força é a falta de confiança. O medo é outro sintoma.

A perda de força pode se manifestar no fato de que as coisas estão “dando errado”. Certamente você ouviu alguém dizer: “Foi um daqueles dias em que nada estava dando certo”. É claro que todos nós temos esses dias e eles podem ser considerados como sinais de alerta.

No entanto, se esses dias persistem, este já é um sinal de perda de força; outro sinal é o aparecimento de uma depressão ou tendência a doenças. Esse tipo de perda de força geralmente vem do fato de um dos seus animais de poder ter deixado você por um motivo ou outro.

Para remediar essa situação, o xamã faz uma jornada para encontrar e devolver o animal de poder à pessoa que está sofrendo. Essa recuperação de energia geralmente é suficiente não apenas para colocar o paciente em pé, mas também para expulsar qualquer energia indesejada.

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A perda da alma

Outra forma de perder o poder,  muitas vezes muito mais séria, é o que os xamãs chamam de perda de alma. A perda de alma pode ser a causa de doenças bastante graves. E essa separação de nossas próprias almas pode levar ao fato de que nos sentimos separados de nosso próprio corpo, relacionamentos, ambiente, da própria Vida.

Muitos de nós experimentamos essa condição de uma forma ou outra. Se tivermos sorte, as partes da alma perdida retornaram. No entanto, nem sempre temos sorte. Às vezes eles não conseguem encontrar o caminho de casa.

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Como acontece a perda de alma?

Como regra, isso ocorre como resultado de alguma experiência traumática ou em situações complexas e insolúveis. Infelizmente, situações traumáticas e insolúveis surgem constantemente em nossa vida social.

Periodicamente, nós os enfrentamos na infância, às vezes até antes de nosso nascimento. Sabemos bem os casos de agressão ou violência contra crianças muito pequenas. Situações de violência ou pressão intensa na escola ou  trabalho também podem levar à perda de alma.

Existem muitas outras razões – apareceram até frases comuns que descrevem essas situações. Por exemplo, quando um ente querido morre: “Quando meu marido morreu, senti que parte de mim foi junto com ele”. Em uma situação extrema a gente fala: “Eu estava morrendo de medo”. Em caso de abuso físico ou psicológico: “Meu espírito estava quebrado”. No caso de um divórcio ou o término de um relacionamento significativo: “Ela roubou minha alma”. Em um estado de extrema tristeza: “Eu só queria morrer”. Até as brigas podem levar à perda de alma: “Perdi a paciência”. Estas são apenas algumas das maneiras que podem levar à perda de alma.

Como Sandra Ingerman diz em seu livro, “A volta da alma”, a perda de alma geralmente ocorre como resultado da necessidade de sobreviver. Cada um de nós tem seus próprios limites em relação ao que podemos suportar.

O que acontece quando atingimos nossos limites, quando estamos encurralados, quando não há mais espaço para recuar? Nessas situações, você precisa agir, mas às vezes, principalmente se estivermos em uma posição fraca, não é possível dar o passo necessário (por exemplo, deixar um parceiro cruel).

Quando isso acontece, a parte da alma que mais reage à situação sabe que chegou a hora de partir. E ela parte para permitir que o corpo como um todo sobreviva.

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A morte

Existe evidencia de que na maioria das vezes perdemos a alma quando a entregamos, a abandonamos. Normalmente, fazemos isso em uma tentativa desesperada de manter contato com outra pessoa.

Existem casos quando uma parte importante da alma de uma pessoa fica presa a um parente morto. Um relato conta a história de uma mulher cujo pai morreu quando ela tinha 17 anos, a garota quase enlouqueceu. Tentando acalmá-la de alguma forma, sua tia aconselhou-a a colocar a fotografia no bolso do casaco do pai que estava no caixão. Dessa forma, ela supostamente podia ficar com ele para sempre. Ela fez isso, mas perdeu parte de sua alma. Esta parte foi devolvida como resultado de uma jornada xamânica. A dupla tragédia dessa situação foi que o fardo de seu amor não permitiu que a alma de seu pai continuasse sua jornada até que esse fardo fosse removido.

A perda de uma alma é frequentemente associada à morte e, nessas situações, o xamã deve trabalhar não apenas com as almas dos vivos, mas também com as almas dos mortos.

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Coisas fora do lugar

Quando chegamos a um determinado ponto de nossa vida, percebendo que nem tudo acontece como deveria, podemos decidir fazer alguma coisa. Contudo, muitas vezes simplesmente não conseguimos saber por onde começar.

Esse pode ser o motivo da busca constante pelas pessoas modernas. Se você perguntar a um de seus amigos: “O que você está procurando na vida?”, Provavelmente a resposta será: “Quero me encontrar”.

Por milhares de anos, os xamãs têm ajudado os outros a se encontrarem no sentido literal da palavra, e “devolver a alma” é uma das principais ferramentas de ajuda. A reintegração da parte devolvida da alma requer tempo, é um processo, pois em muitos casos a pessoa precisa lidar com a dor enraizada no momento em que a alma se perdeu.

No entanto, o retorno da peça que falta dá força para realizar este trabalho. E, embora possa ser doloroso, tráz uma grande recompensa. Afinal, precisamos ser holísticos para sermos saudáveis ​​no sentido mais profundo da palavra. Precisamos ser holísticos e íntegros para que possamos viver a vida. Precisamos nos tornar holísticos antes que possamos entender quem realmente somos.

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O caminho do xamã

O xamã era frequentemente chamado de “curador ferido”. Isso significa que o próprio xamã passou por terríveis doenças e crises, ou mesmo visitou a terra dos mortos, e sobreviveu. Mas não apenas sobreviveu, ele(a) voltou mais forte e mais sábio do que antes, tendo recebido a ajuda de espíritos.

Isso também significa que a maioria das pessoas que lê este artigo tem potencial para trabalhar como xamã. Afinal, todos nós enfrentamos dores e crises, e todos sobrevivemos.

No entanto, nem todo mundo escolhe o caminho do “curador”. Muitas pessoas praticam xamanismo, mas não têm intenção de se tornarem xamãs. Em vez disso, eles viajam para obter ajuda na tomada de decisões difíceis, para sobreviver a uma situação difícil ou para ajudar um amigo necessitado.

Outros combinam xamanismo com outras formas de trabalho espiritual e prático. Um assistente social pode fazer jornadas xamanísticas para obter conselhos para seus clientes que estão em situações sociais extremamente difíceis.

Um médico pode viajar para descobrir a melhor maneira de tratar seus pacientes. A maioria das pessoas que praticam xamanismo faz isso para ganhar o poder de ser quem realmente são, mesmo diante de crises.

O xamanismo oferece a todos uma oportunidade de contato direto com as energias do universo, uma capacidade de receber força e sabedoria sem a intervenção de intermediários.

Essa experiência não apenas fortalece a gente, mas também nos dá humildade. Um verdadeiro xamã é uma pessoa verdadeiramente humilde que entende que sua força é alugada do Universo e que sua missão é usar esse poder em benefício do nosso belo planeta que ele chama de Lar, e para o bem de todas as coisas. E este é apenas o começo.

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