"Viver em harmonia com a natureza é encontrar a verdadeira essência da vida."

Ser e Ter: A Dualidade que Define Nossa Existência

A verdadeira riqueza não está no que possuímos, mas em quem somos, e é através da reconexão com nossa essência que podemos encontrar equilíbrio e propósito em um mundo dominado pelo materialismo.

Introdução

No decorrer da história humana, o dilema entre “ser” e “ter” sempre esteve presente, permeando desde os discursos filosóficos até as práticas cotidianas. O “ser” diz respeito à essência, àquilo que realmente somos em nossa natureza mais profunda. Já o “ter” se relaciona com nossas posses materiais, status e conquistas externas.

Em tempos modernos, onde o consumo e o acúmulo de bens são altamente valorizados, a balança parece ter pendido significativamente para o lado do “ter”. Este artigo propõe uma reflexão sobre as implicações dessa tendência, suas consequências para a sociedade e o planeta, e como podemos resgatar a importância do “ser” em nossas vidas.

O que é o “Ser”?

O conceito de “ser” está enraizado na ideia de identidade e essência. É o que somos em nossa forma mais autêntica, sem os rótulos ou as máscaras que muitas vezes adotamos para nos adequar a expectativas sociais.

O “ser” está intimamente ligado ao autoconhecimento, à espiritualidade, e à nossa capacidade de encontrar um propósito de vida que vá além do material. Filosofias como o existencialismo e o humanismo destacam o “ser” como o núcleo da existência humana, algo que deve ser cultivado e explorado para alcançar uma vida verdadeiramente significativa.

O que é o “Ter”?

O conceito de “ter” tem suas raízes nos instintos mais primitivos da humanidade. Desde os tempos antigos, os seres humanos desenvolveram a necessidade de proteger a si mesmos e aos seus entes queridos, acumulando recursos essenciais para a sobrevivência.

Essa necessidade instintiva de “ter” começou com a busca por segurança, como ter abrigo, alimento e ferramentas para garantir a continuidade da vida.

À medida que as sociedades evoluíram, especialmente com o surgimento da agricultura e das comunidades sedentárias, o “ter” começou a se expandir para além das necessidades básicas. Tornou-se uma busca por poder, status e identidade.

Essa evolução transformou o “ter” em um elemento central nas culturas humanas, onde acumular bens materiais passou a ser visto como sinônimo de sucesso e felicidade.

Hoje, o “ter” representa as conquistas materiais, o status social, e a busca incessante por mais. Em muitas culturas contemporâneas, o “ter” tornou-se um sinônimo de sucesso, levando as pessoas a medir seu valor com base no que possuem, em vez de quem são.

Esta ênfase no “ter” é alimentada por sistemas econômicos que promovem o consumo como um caminho para a felicidade e realização pessoal. No entanto, essa visão materialista pode levar a um vazio existencial, onde a verdadeira essência do ser humano é ofuscada pela busca por posses e reconhecimento externo.

“Quanto mais necessidades você tem, menos livre você é.”Diógenes

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A Influência do “Ter” na Sociedade Contemporânea

O foco excessivo no “ter” tem moldado a sociedade contemporânea de várias maneiras. A cultura do consumo, incentivada pela publicidade e pela mídia, cria uma necessidade constante de adquirir mais, independentemente das reais necessidades do indivíduo.

Essa busca pelo acúmulo não apenas afeta a saúde mental, levando a sentimentos de insatisfação e ansiedade, mas também enfraquece as relações humanas, que muitas vezes são subordinadas a interesses materiais.

Além disso, a pressão para atingir certos padrões de sucesso pode distanciar as pessoas de sua verdadeira identidade, fazendo com que elas se percam em um ciclo interminável de comparação e competição.

Como o filósofo Erich Fromm aponta, “Nossa sociedade é uma sociedade de consumidores vorazes, a realidade só é real quando é comprada e vendida; mesmo as pessoas se transformaram em mercadorias. O ‘ser’ perdeu sua importância e foi substituído pelo ‘ter’.” Esse comentário ilustra a crise existencial enfrentada por muitos, onde a essência do “ser” é ofuscada pela constante busca pelo “ter”.

As Consequências Ambientais e Sociais do “Ter”

À medida que a sociedade moderna se desenvolveu, o valor do “ser”, enquanto parte imaterial da nossa existência, foi diminuindo gradativamente. O foco no tangível e no material tornou-se predominante, especialmente em um mundo onde a ciência e a tecnologia oferecem explicações para quase tudo que é visível e mensurável.

Como resultado, as pessoas passaram a acreditar que aquilo que não pode ser visto, tocado ou quantificado simplesmente não existe ou não tem valor.

Essa crença levou a uma desconexão com aspectos essenciais da vida humana, como a espiritualidade, a empatia e a introspecção. O “ser”, com todas as suas nuances imateriais, começou a ser tratado como algo secundário ou até irrelevante, enquanto o “ter” assumiu a posição central.

Essa inversão de valores tem consequências profundas não apenas para os indivíduos, mas também para o planeta como um todo. A busca desenfreada por posses materiais e sucesso tangível promoveu um consumo descontrolado, que contribui diretamente para a degradação ambiental.

Desflorestamento, poluição e mudanças climáticas são apenas algumas das evidências de como o foco no “ter” está levando a Terra ao colapso. Ao priorizar o material sobre o espiritual ou o imaterial, a humanidade negligencia sua própria essência e, em consequência, o bem-estar do planeta.

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Resgatando o “Ser”

Diante de uma sociedade que valoriza excessivamente o “ter”, é fundamental resgatar a importância do “ser” para equilibrar nossas vidas e garantir um futuro mais sustentável, tanto para nós quanto para o planeta. Esse resgate começa com uma reavaliação das nossas prioridades e uma reconexão com o que realmente importa.

Uma das formas de recuperar o valor do “ser” é através de práticas que incentivam o autoconhecimento e a introspecção, como a meditação, o mindfulness e outras práticas espirituais. Essas atividades nos ajudam a focar no presente e a valorizar a experiência de estar vivo, em vez de nos preocuparmos constantemente com o que possuímos ou com o que ainda queremos adquirir.

Entretanto, é crucial reconhecer que o “ser”, quando mal interpretado ou distorcido, pode ter consequências negativas. Por exemplo, quando a identidade de uma pessoa é reduzida à cor de sua pele ou a outras características superficiais, o “ser” pode se tornar uma fonte de preconceito e divisão.

O racismo, que se baseia na crença de que certos grupos são superiores a outros, é uma manifestação negativa dessa distorção do “ser”. Em vez de reconhecer a humanidade compartilhada, algumas pessoas usam essas diferenças superficiais para justificar a discriminação e a exclusão.

Além disso, a decadência do “ser” pode estar relacionada à perda de conexão com um propósito maior ou uma divindade. Ao longo da história, muitas culturas buscaram sentido na vida através de uma ligação com o divino, com a crença em um Deus ou em uma espiritualidade que transcendesse o material.

À medida que a sociedade se torna mais secular e focada no materialismo, essa conexão muitas vezes se enfraquece, levando a uma crise existencial. A ausência de um sentido maior pode contribuir para a busca desenfreada por bens materiais como substituto de algo mais profundo, o que, por sua vez, alimenta a insatisfação e a desconexão.

Para evitar essas distorções e encontrar equilíbrio, é essencial cultivar um “ser” que valorize a essência interior de cada indivíduo, independentemente de sua cor, origem ou status, e que se conecte com algo maior, seja através de espiritualidade, fé ou um propósito transcendental.

Apenas ao abraçar uma visão mais ampla e inclusiva do “ser” podemos superar as divisões e construir uma sociedade mais justa e compassiva.

Podemos também nos inspirar em figuras contemporâneas que personificam o “ser” em suas vidas e ações:

  • Dalai Lama: Como líder espiritual, o Dalai Lama exemplifica a compaixão, a paz interior e a sabedoria. Ele vive uma vida simples, focada no bem-estar espiritual e na promoção da paz mundial, destacando a importância do “ser” sobre o “ter”.
  • Desmond Tutu: O arcebispo sul-africano dedicou sua vida à luta contra o apartheid e à promoção da justiça social. Sua vida é um exemplo de integridade e compromisso com valores morais, mostrando como o “ser” pode guiar a ação ética.
  • Pavel Durov: Fundador do Telegram e do VKontakte, Pavel Durov é conhecido por seu compromisso inabalável com a privacidade e a liberdade de expressão. Vivendo de forma minimalista, Durov prioriza seus princípios e o impacto positivo sobre o mundo digital, demonstrando que o “ser” pode ser focado em valores e ideais ao invés de posses materiais.
  • Jane Goodall: Como primatóloga e ativista, Jane Goodall tem dedicado sua vida à conservação e ao estudo dos chimpanzés. Ela vive de acordo com seus princípios, focando no impacto positivo no mundo natural, e demonstra como o “ser” pode estar profundamente ligado à natureza.
  • Malala Yousafzai: Malala é um exemplo moderno de alguém que luta pelo direito à educação, especialmente para meninas. Seu compromisso com a justiça e a igualdade, mesmo diante de grandes desafios, mostra como o “ser” pode ser uma força poderosa para a mudança.

Esses exemplos modernos, junto com figuras épicas de heróis como Odisseu, Enéias, Beowulf e Arjuna, que nos mostram através de suas jornadas que o verdadeiro heroísmo está em manter-se fiel à própria essência, enfrentando desafios internos e externos com coragem e honra, nos inspiram a valorizar o “ser” em nossa própria vida.

Conclusão

Ao longo deste artigo, exploramos a dualidade entre “ser” e “ter”, e como a ênfase excessiva no “ter” pode nos afastar de nossa verdadeira essência, ao mesmo tempo em que contribui para problemas sociais e ambientais graves.

No entanto, ao resgatar a importância do “ser”, podemos não apenas encontrar um equilíbrio pessoal mais saudável, mas também promover uma sociedade mais justa e sustentável.

É importante lembrar que o “ser” é a fonte de muitas das histórias de heróis que atravessam gerações e culturas. Essas histórias geralmente celebram indivíduos que, ao se conectarem profundamente com sua essência, superam desafios e realizam feitos extraordinários.

Os heróis não são definidos pelo que possuem, mas por quem são em seus momentos de maior desafio e introspecção. Eles nos lembram que é na força do “ser” que reside a verdadeira grandeza.

Ao refletir sobre nossas prioridades e escolher viver de forma mais consciente e conectada com o nosso “ser”, podemos nos inspirar nesses exemplos e buscar um futuro onde as posses materiais sejam secundárias em relação àquilo que realmente importa: a nossa essência, nossas relações, e o cuidado com o planeta.

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